domingo, 22 de maio de 2011

Brisa, vento, vendaval ou furacão?

Tudo calmo, sereno e tranqüilo. Era uma segunda-feira como outra qualquer, tão chata, cheia de afazeres e entediante como rotineiramente são todas as segundas-feiras. De repente uma leve brisa entrou pela janela e trouxe consigo uma pequena folha que caiu que caiu sobre a escrivaninha provocando uma ligeira desordem onde estavam todos os seus manuscritos.

Sim, uma pequena folha conseguiu desarrumar uma mesinha milimetricamente organizada, aquela mesma “Pequena Folha” de Pablo Neruda, uma folha que a princípio não foi vista, mas que se fez perceber pela forma com que caiu sobre os papéis, o cheiro bom de mato distraiu-a e foi tentada a deixar os afazeres para admirar e descobrir o quanto poderia ser especial aquela folha.

Intrigante é que a árvore de onde saiu aquela pequena folha sempre esteve ali, bem ali, bem em frente a janela de seu quarto. O mais intrigante ainda é que pensou logo no que havia lido minutos antes em uma das crônicas de um dos membros do The Inkling, o famoso C.S. Lewis: “ O vento não está tão forte assim para levantar tanta areia”, - muito menos para arrancar folhas das árvores. – Pensou. Além do mais, ainda nem era outono para as folhas se soltarem com tanta facilidade por qualquer brisa, os ventos dessa época do ano não eram tão fortes assim.

Esse é o tipo de pensamento que as mulheres costumam usar pra ser enganar, para parecerem fortes e que não é qualquer vento que pode derrubá-las. Esse é o grande problema! Pobres mulheres, sempre se acham com razão e querem parecer seguras diante de um vento que sopra um pouco mais forte. Mas ela bem sabia que a comparação feita por Lewis (o mesmo Lewis que disse que o vento não estava tão forte) entre as mulheres e cataventos era bem pertinente e isso era o que mais lhe assustava depois de perceber a brisa entrando pela sua janela e desorganizando todos os seus papéis.

Durante algum tempo tentou enganar-se com essa idéia de vento não tão forte de Lewis e não quis acreditar que aquela brisa lhe tinha tirado o foco. E agora ela sempre tentava, diante do espelho encontrar explicações plausíveis para toda essa bagunça que uma pequena folha havia causado em sua vida. Dizia sempre em voz alta na frente do espelho, como numa tentativa de justificar a bagunça em que se encontrava: - Pensei que era uma brisa, não reforcei as paredes do meu coração, me enganei, era um vendaval e deixou tudo fora do lugar.

É moça, talvez se você não tivesse deixado sua janela aberta não estaria tão perturbada com a sua desorganização! Você deveria ter tido mais cuidado, “pois todos sabem que as mulheres mudam mais que catavento”, você sabia disso, Lewis tinha lhe avisado e se você o ouvisse e tivesse fechado bem a janela do seu quarto, reforçado bem as paredes do seu coração a pequena folha não teria entrado.

Mas, como deter a força de um vento, ainda mais quando se é pega de surpresa? E no caso da pequena folha, já dizia o célebre Neruda “o vento da vida pôs-te ali”, nem daria mesmo pra sair dali.

Estava só pensando ... o quanto muda um catavento diante de um vento mais forte? E se for um furacão? Quanto tempo ainda resiste sem se despedaçar de vez?

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